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terça-feira, 30 de março de 2010

DIA MUNDIAL DA CONSCIÊNCIA DO AUTISMO/ 02 de ABRIL



DIA MUNDIAL DA CONSCIÊNCIA DO AUTISMO


Na noite de 1º de abril, o prédio Empire State em Nova York estará acesso com luzes azuis, em conscientização sobre o Dia Mundial do Autismo: 2 de abril (ONU, 2008).


Estão repassando a campanha no resto do mundo para que todas as pessoas possam acender uma luz azul em suas casas. Outros prédios por todo o país e o resto do mundo estarão acendendo luzes azuis.


Coisas que você pode fazer para ajudar na conscientização do autismo:



1 - Usar o pin azul com o desenho de uma peça de quebra cabeça durante todo o mês de abril e quando as pessoas perguntarem você pode falar sobre o autismo e o porque de você estar vestindo;



2 - Mudar as fotos do orkut e perfil no twitter ou facebook com a peça azul do quebra ou com o logo da campanha light it up: Blue e repassar para 10 amigos;



3 - Digitar todos os seus emails em AZUL e colocar o logo Light It Up Blue na assinatura durante todo o mês de abril;



4 - No dia 2 de abril vestir uma peça de roupa azul, camiseta ou calça e pedir pra seus amigos, familiares ou colegas de trabalho para vestirem também, tirar fotos e repassá-las. Publicar em flickr, orkut, twitter, facebook;



5 - Cozinhar um bolo com o desenho da peça de quebra-cabeça Azul, de preferência todo em azul e levar pra escola, pro trabalho e dividir com seus amigos explicando o porquê;



6 - Avisar aos responsáveis de igrejas, congregações para que falem do dia em seus Cultos, Missas e Celebrações, etc.



Existem várias maneiras de participar.

Divulgue e ajude essa causa tão importante.



Fonte: Centro de Conhecimento AMA/SP



Parceirosde trabalho!



A GSETE CRÉDITO é uma empresa que tem como missão DEMOCRATIZAR O ACESSO AO CRÉDITO, buscando a satisfação dos nossos CLIENTES, dos nossos PARCEIROS e da nossa equipe de COLABORADORES.

Sua matriz está situada no estado do Ceará, onde residem seus sócios proprietários: José Guedes e Izaura Leite. Ele, economista, ex-funcionário da Caixa Econômica Federal, com larga experiência na área de crédito. Ela, pedagoga com especialização em psicopedagogia, tendo atuado em diversas empresas como TIM, SESC e PM de QUIXADÁ.

A MOGITUR agencia de Turismo, localizada em São Paulo. Os Donos André Agnus e Flavio, pessoas preparadas, pessoas de visão e com o intuito de ajudar nosso Projeto.

Minha ligação com eles:

Eu Taua Colares, mãe de Thayná Colares e mãe de Kleber. Trabalhei durante anos com a GSETE numa maravilhosa parceria de trabalho no Ceará. Hoje mora em Recife, e novamente tive a oportunidade de trabalhar com eles, mas com uma visão de ajudar mães como eu. Kleber tem espectro do autismo e TDAH.. E hoje meu foco é tratar dele. Com isso não estou buscando mais um trabalho convencional, e sim um trabalho que gere renda de acordo com a minha produtividade e minha disponibilidade de trabalho. Com isso quero formar equipes para trabalhar comigo.

Minha ligação com a Mogitur é de amizade antiga com os donos, amigos queridos, humanos, religiosos, e que viram minha luta para sobreviver. Por isso fechamos uma parceria para eu formar equipes para vender seus pacotes turísticos, mas principalmente ajudando projetos religiosos e não governamentais.

Não queremos só ganhar dinheiro, mas ajudar nossa comunidade fazer algo real em prol de um objetivo em comum entre as pessoas,

O Projeto que criei tem esse intuito de gerar uma renda para nós e popularizar o autismo e outras síndromes.



Conte com você, participe! Faça algo por você, por seu filho e por sua comunidade!



E não esqueça!



“ UM SONHO QUE SE SONHA SÓ É APENAS UM SONHO QUE SE SONHA SÓ, MAS UM SONHO QUE SE SONHA JUNTO, É A REALIDADE”

PS:Estamos organizando nossa sede, breve o endereço estará aqui!



Proposta de trabalho

Toda pessoa autista deve receber educação especial diária,oferecida por profissionais preparados que conheçam bem o autismo.

Na experiência da AMA, os conceitos que fazem mais sentido que possuem princípios alinhados com os da Associação, e que mostraram-se mais efetivos com pessoas autistas são os do TEACCH e do ABA .

No Projeto Autisticamente Mãe

Todos as mães, todos os pais, amigos, familiares e qualquer pessoa que queira participar, ajudar e trabalhar com gente; tem o direito de estar aqui, aprender sobre autismo e muitas outras síndromes, transtornos... Mas principalmente de trabalhar com a gente e nossos parceiros !

Precisamos trabalhar para ser respeitado na sociedade, precisamos ter o nosso ganho para ter uma vida melhor para nossos filhos e familiares. Precisamos de respeito, precisamos participar desse mundo capitalista e competitivo sem perder o nosso caráter, sem deixar de foco os nossos filhos e principalmente dos filhos que precisam muito mais do que achamos que podemos oferecer. Somos capazes de superar qualquer dificuldade, qualquer sofrimento. Mas ninguém vence sozinho!

Obrigada Gsete, Obrigada MOGITUR por nos proporcionar essa possibilidade de gerar uma renda para nossa família e ajudar muitos outros projeto!

Estamos Aguardando VOCÊ!

Participe, comunique-se!!!

autisticamente@gmail.com    Contato: Taua Colares (81) 9621.0669 TIm /8696.6655 OI

gsete_taua@hotmail.com    taua.mogitur@hotmail.com


Tratamento:

Frente ao enorme mistério que ainda encobre as causas do autismo, estamos longe de chegar a um consenso sobre quais as abordagens de tratamento realmente efetivas.


"Considerando-se a heterogeneidade dos dados clínicos é provável que o determinismo dos distúrbios autísticos seja, na maioria dos casos, multifatorial." (Bursztejn e Tomkiewicz)


A multiplicidade de sintomas e de fatores que interferem no desenvolvimento de uma pessoa autista é o motivo de haver tantas linhas diferentes de tratamento ao autismo.


Na experiência da AMA, os conceitos que fazem mais sentido, que possuem princípios alinhados com os da Associação, e que mostraram-se mais efetivos com pessoas autistas são os do TEACCH e do ABA.


O uso destas duas abordagens combinadas como pilares do tratamento não descarta outras abordagens terapêuticas. Muitos recursos diferentes podem ser usados em uma interação produtiva.
FONTE: AMA

Síndrome de Asperger

Apresentação


Apesar de ter sido descrita por Hans Asperger em 1944 no artigo “Psicopatologia Autistica na Infância” , apenas em 1994 a Síndrome de Asperger foi incluída no DSM-IV com critérios para diagnóstico.


Algumas das características peculiares mais frequentemente apresentadas pelos portadores da Síndrome de Asperger são:


- Atraso na fala, mas com desenvolvimento fluente da linguagem verbal antes do 5 anos e geralmente com:


o Dificuldades na linguagem,


o Linguagem pedante e rebuscada,


o Ecolalia ou repetição de palavras ou frases ouvidas de outros,


o Voz pouco emotiva e sem entonação.


- Interesses restritos: escolhem um assunto de interesse, que pode ser seu único interesse por muito tempo. Costumam apegar-se a mais às questões factuais do que ao significado. Casos comuns são interesse exacerbado por coleções (dinossauros, carros, etc.) e cálculos. A atenção ao assunto escolhido existe em detrimento a assuntos sociais ou cotidianos.


- Presença de habilidades incomuns como calculos de calendário, memorização de grandes seqüências como mapas de cidades, cálculos matemáticos complexos, ouvido musical absoluto etc.


- Interpretação literal, incapacidade para interpretar mentiras, metáforas, ironias, frases com duplo sentido, etc.


- Dificuldades no uso do olhar, expressões faciais, gestos e movimentos corporais como comunicação não verbal.


- Pensamento concreto.


- Dificuldade para entender e expressar emoções.


- Falta de auto-censura: costumam falar tudo o que pensam.


- Apego a rotinas e rituais, dificuldade de adaptação a mudanças e fixação em assuntos específicos


- Atraso no desenvolvimento motor e freqüentes dificuldades na coordenação motora tanto grossa como fina, inclusive na escrita..


- Hipersensibilidade sensorial: sensibilidade exacerbada a determinados ruídos, fascinação por objetos luminosos e com música, atração por determinadas texturas etc.;


- Comportamentos estranhos de autoestimulação;


- Dificuldades em generalizar o aprendizado;


- Dificuldades na organização e planejamento da execução de tarefas.


Algumas coisas são aprendidas na idade “própria”, outras cedo demais, enquanto outras só serão entendidas muito mais tarde ou somente quando ensinadas.


Alguns pesquisadores acreditam que Sindrome de Asperger seja a mesma coisa que autismo de alto funcionamento, isto é, com inteligência preservada. Outros acreditam que no autismo de alto funcionamento há atraso na aquisição da fala, e na Síndrome de Asperger, não.


Colocamos em anexo uma lista de critérios diagnósticos da Síndrome de Asperger elaborada pelo pesquisador sueco Christopher Gillberg.


Muitas pessoas acreditam que a importância da diferenciação entre Síndrome de Asperger e Autismo de Alto Funcionamento seja mais de cunho jurídico do que propriamente para escolhas relacionadas ao tratamento.


Por um lado, para algumas pessoas dizer, que alguém é portador de Síndrome de Asperger parece mais leve e menos grave do que ser portador de autismo, mesmo que de alto funcionamento – embora isto seja provavelmente uma ilusão. Por outro lado, associações de autismo em todo o mundo alegam que esta divisão em duas patologias diferentes enfraquece um movimento que necessita de tanto apoio como o dos que trabalham pelo autismo.
FONTE: AMA

Diagnostico

Algumas crianças apresentam diferentes graus de dificuldade, desde o início de suas vidas, para se relacionarem de forma recíproca com outras pessoas e interagirem diante de situações sociais. Essas crianças são portadoras de uma síndrome chamada autismo e suas características podem ser agrupadas na tríade principal: desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no uso da imaginação.


É importante destacar a existência de gradações na presença e intensidade dos sintomas, conferindo graus diferenciados de comprometimento no Autista, o chamado continuum autista.


O autismo é uma inadequação no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave, durante toda a vida. Aparece tipicamente nos primeiros anos de vida. Acomete 2 a 5 crianças em cada dez mil nascidos e é 2-4 vezes mais comum em meninos do que entre meninas. É encontrado em todo mundo e em famílias de toda configuração racial, ética e social. Não se conseguiu provar qualquer causa psicológica na etiologia do autismo. O que não significa que o meio seja ambiente inócuo. O prognóstico e o desenvolvimento da capacidade plena dessas crianças são influenciados pela forma como vivem (os cuidados que recebem e a estrutura da rede de apoio). A causa principal está relacionada a alterações biológicas, sejam hereditárias, ocorridas na gestação e/ou parto. Possivelmente, dessas alterações decorrem os erros no funcionamento cerebral. Entretanto, uma definição exata ainda não é possível.


O diagnóstico é clínico, ou seja, dado por um profissional treinado, capaz de, através da observação e entrevista com pais e pacientes, identificar sinais e sintomas peculiares.


Antes dos três anos de vida já são observados padrões de comportamento distintos em relação aos outros indivíduos da mesma idade.


Ainda bebês, podem possuir alterações de sono deixando muitos pais surpresos com a quietude da criança ou com seu choro incessante; não se aninham e, inclusive, apresentam certa aversão ao contato físico; não imitam o gesto dos pais (como, por exemplo, acenar ao se despedir) ou apresentam movimentos antecipatórios (estender os braços visando ir a um dos pais); não mantêm contato visual e tendem a uma forma atípica de olhar e não compartilham um foco de atenção.


À medida que vão crescendo, chama a atenção o fato de parecerem não escutar os comandos dados, haver uma ausência de medos reais, uma aparente insensibilidade à dor, uma forma diferente de andar - “na ponta dos pés” - e a presença de gestos estranhos (estereotipias) nas quais buscam conforto (como, por exemplo, balançar o tronco). Episódios de autoagressão podem acontecer. Podem apresentar hipersensibilidade a determinados sons e repetir imediata ou tardiamente frases e sons ouvidos (ecolalia).


Podem apresentar, ainda, comportamento estranho e retraído; uma maneira inadequada de brincar; com ausência da reação de surpresa ou dificuldade para realizar o “faz de conta”; interesses específicos com persistência em girar objetos e habilidades especiais (hiperlexia ou ouvido absoluto, por exemplo); fascinação por água; crises de choro e angústia sem razões explicáveis; risos e gargalhadas fora do contexto e um retardo no desenvolvimento das habilidades motoras.


Essas ocorrências servem como advertência para a necessidade de uma visão diferenciada pelos pais, educadores e médicos.


Esses infantes indicam suas necessidades, quando o fazem, através de gestos e do uso das pessoas como instrumento para realizarem a ação desejada. Por fim, apresentam resistência a mudanças de rotina, não aprendendo através dos métodos usuais de ensino.


Visando a uniformização do diagnóstico foram criadas diferentes escalas, além das definições mundialmente seguidas contidas na Classificação Internacional das Doenças. 10ª. Edição (CID 10) e no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais. 4ª. Edição. (DSM-IV).


Investigações laboratoriais devem ser realizadas visando o diagnóstico diferencial e o diagnóstico de possíveis comorbidades associadas.


Os principais exames solicitados são:


1.Sorologias


2. ECG


3. Avaliação oftalmológica


4.Neuropsicológico


5. Pesquisa do X frágil/ Cariótipo


6. RNM


7. EEG


8. Erros inatos do metabolismo /teste do pezinho


9. Avaliação Audiológica


O diagnóstico precoce e a pronta intervenção não trazem a cura, mas, sem dúvida, promovem uma melhor qualidade de vida para esses pacientes e toda sua família.


.FONTE: AMA



Aprendizado

Autismo é um transtorno de desenvolvimento. Não pode ser definido simplesmente como uma forma de retardo mental, embora muitos quadros de autismo apresentem QI abaixo da média.
A palavra autismo atualmente pode ser associada a diversas síndromes. Os sintomas variam amplamente, o que explica por que atualmente refere-se ao autismo como um espectro de transtornos; o autismo manifesta-se de diferentes formas, variando do mais alto ao mais leve comprometimento, e dentro desse espectro o transtorno que pode ser diagnosticado como autismo, pode também receber diversos outros nomes, concomitantemente. Os atuais critérios de diagnóstico do autismo estão formalizados na norma DSM-IV, como lemos no livro de Uta Frith:


Em cooperação internacional, os especialistas concordaram em usar certos critérios de comportamento no diagnóstico do autismo. Estes critérios foram explicitados em trabalhos de referência que foram publicados. O esquema mais recente é o descrito no Manual de Diagnóstico e Estatístico (DSM-IV) da Associação Americana de Psiquiatria. Um esquema de diagnóstico bem parecido é encontrado na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) publicado pela Organização Mundial de Saúde.


Página 11 de "Autism - Explaining the Enigma" (1989) de Uta Frith.


CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO DO AUTISMO (CID-10) (WHO 1992)


Pelo menos 8 dos 16 itens especificados devem ser satisfeitos.


a. Lesão marcante na interação social recíproca, manifestada por pelo menos três dos próximos cinco itens:


1. Dificuldade em usar adequadamente o contato ocular, expressão facial, gestos e postura corporal para lidar com a interação social.


2. Dificuldade no desenvolvimento de relações de companheirismo.


3. Raramente procura conforto ou afeição em outras pessoas em tempos de tensão ou ansiedade, e/ou oferece conforto ou afeição a outras pessoas que apresentem ansiedade ou infelicidade.


4. Ausência de compartilhamento de satisfação com relação a ter prazer com a felicidade de outras pessoas e/ou de procura espontânea em compartilhar suas próprias satisfações através de envolvimento com outras pessoas.


5. Falta de reciprocidade social e emocional.


b. Marcante lesão na comunicação:


1. Ausência de uso social de quaisquer habilidades de linguagem existentes.


2. Diminuição de ações imaginativas e de imitação social.


3. Pouca sincronia e ausência de reciprocidade em diálogos.


4. Pouca flexibilidade na expressão de linguagem e relativa falta de criatividade e imaginação em processos mentais.


5. Ausência de resposta emocional a ações verbais e não-verbais de outras pessoas.


6. Pouca utilização das variações na cadência ou ênfase para refletir a modulação comunicativa.


7. Ausência de gestos para enfatizar ou facilitar a compreensão na comunicação oral.


c. Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos dois dos próximos seis itens:


1. Obsessão por padrões estereotipados e restritos de interesse.


2. Apego específico a objetos incomuns.


3. Fidelidade aparentemente compulsiva a rotinas ou rituais não funcionais específicos.


4. Hábitos motores estereotipados e repetitivos.


5. Obsessão por elementos não funcionais ou objetos parciais do material de recreação.


6. Ansiedade com relação a mudanças em pequenos detalhes não funcionais do ambiente.


d. Anormalidades de desenvolvimento devem ter sido notadas nos primeiros três anos para que o diagnóstico seja feito.


DSM-IV


Os mais atuais critérios de diagnóstico da DSM-IV até o momento, que ilustram as características do indivíduo autista, são:


Importante:


As informações a seguir servem apenas como referência. Um diagnóstico exato é o primeiro passo importante em qualquer situação; tal diagnóstico pode ser feito apenas por um profissional qualificado que esteja a par da história do indivíduo.


CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO DO AUTISMO


A. Um total de seis (ou mais) itens de (1), (2), e (3), com pelo menos dois de (1), e um de cada de (2) e (3).


1. Marcante lesão na interação social, manifestada por pelo menos dois dos seguintes itens:


a. Destacada diminuição no uso de comportamentos não-verbais múltiplos, tais como contato ocular, expressão facial, postura corporal e gestos para lidar com a interação social.


b. Dificuldade em desenvolver relações de companheirismo apropriadas para o nível de comportamento.


c. Falta de procura espontânea em dividir satisfações, interesses ou realizações com outras pessoas, por exemplo: dificuldades em mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse.


d. Ausência de reciprocidade social ou emocional.


2. Marcante lesão na comunicação, manifestada por pelo menos um dos seguintes itens:


a. Atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem oral, sem ocorrência de tentativas de compensação através de modos alternativos de comunicação, tais como gestos ou mímicas.


b. Em indivíduos com fala normal, destacada diminuição da habilidade de iniciar ou manter uma conversa com outras pessoas.


c. Ausência de ações variadas, espontâneas e imaginárias ou ações de imitação social apropriadas para o nível de desenvolvimento.


3. Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos um dos seguintes itens:


a. Obsessão por um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesse que seja anormal tanto em intensidade quanto em foco.


b. Fidelidade aparentemente inflexível a rotinas ou rituais não funcionais específicos.


c. Hábitos motores estereotipados e repetitivos, por exemplo: agitação ou torção das mãos ou dedos, ou movimentos corporais complexos.


d. Obsessão por partes de objetos.


B. Atraso ou funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes áreas, com início antes dos 3 anos de idade:


1. Interação social.


2. Linguagem usada na comunicação social.


3. Ação simbólica ou imaginária.


C. O transtorno não é melhor classificado como transtorno de Rett ou doença degenerativa infantil.
FONTE: AMA



Autismo Típico

O Autismo é um distúrbio do desenvolvimento humano que vem sendo estudado pela ciência há seis décadas, mas sobre o qual ainda permanecem, dentro do próprio âmbito da ciência, divergências e grandes questões por responder.

Há 20 anos, quando surgiu a primeira associação para o Autismo no país, o Autismo era conhecido por um grupo muito pequeno de pessoas, entre elas poucos médicos, alguns profissionais da área de saúde e alguns pais que haviam sido surpreendidos com o diagnóstico de Autismo para seus filhos.

Atualmente, embora o Autismo seja bem mais conhecido, tendo inclusive sido tema de vários filmes de sucesso, ele ainda surpreende pela diversidade de características que pode apresentar e pelo fato de, na maioria das vezes, a criança autista ter uma aparência totalmente normal.

O Autismo é uma síndrome definida por alterações presentes desde idades muito precoces, tipicamente antes dos três anos de idade, e que se caracteriza sempre por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no usa da imaginalção.

É comum pais relatarem que a criança passou por um período de normalidade anteriormente à manifestação dos sintomas.

Quando as crianças com autismo crescem, desenvolvem sua habilidade social em extensão variada. Alguns permanecem indiferentes, não entendendo muito bem o que se passa na vida social. Elas se comportam como se as outras pessoas não existissem, olham através de você como se você não estivesse lá e não reagem a alguém que fale com elas ou as chame pelo nome.

Freqüentemente suas faces mostram muito pouco de suas emoções, exceto se estiverem muito bravas ou agitadas. São indiferentes ou têm medo de seus colegas e usam as pessoas como utensílios para obter alguma coisa que queiram.

Pessoas com esse distúrbio possuem dificuldades qualitativas na comunicação, interação social, e a imaginação (a chamada tríade), e consequentemente apresentam problemas comportamentais.

Muita vezes o simples fato de querer ir ao banheiro e não conseguir comunicar a ninguém pode ocasionar problemas como auto-agressão ou agressão aos outros.
FONTE: AMA

Conceito/ Espectro do Autismo


Conceito

Lorna Wing definiou o autismo como uma síndrome que apresenta comprometimentos em três importantes domínios do desenvolvimento humano: a comunicação, a sociabilização e a imaginação. A isto, ela deu o nome de tríade.

Desvios qualitativos da comunicação

Caracterizada pela dificuldade em utilizar com sentido todos os aspectos da comunicação verbal e não verbal. Isto inclui gestos, expressões faciais, linguagem corporal, ritmo e modulação na linguagem verbal.

Portanto, dentro da grande variação possível na severidade do autismo, poderemos encontrar uma criança sem linguagem verbal e com dificuldades na comunicação por qualquer outra via - isto inclui ausência de uso de gestos ou um uso muito precário dos mesmos; ausência de expressão facial ou expressão facial incompreensível para os outros e assim por diante - como podemos, igualmente encontrar crianças que apresentam linguagem verbal, porém esta é repetitiva e não comunicativa.

Muitas das crianças que apresentam linguagem verbal repetem simplesmente o que lhes foi dito. Este fenômeno é conhecido com ecolalia imediata. Outras crianças repetem frases ouvidas há horas, ou até mesmo dias antes (ecolalia tardia).

É comum que crianças com autismo e inteligência normal repitam frases ouvidas anteriormente e de forma perfeitamente adequada ao contexto, embora, geralmente nestes casos, o tom de voz soe estrando e pedante.

Desvios qualitativos na sociabilização

Este é o ponto crucial no autismo e o mais fácil de gerar falsas interpretações. Significa a dificuldade em relacionar-se com os outros, a incapacidade de compartilhar sentimentos, gostos e emoções e a dificuldade na discriminação entre diferentes pessoas.

Muitas vezes a criança que tem autismo aparenta ser muito afetiva, por aproximar-se das pessoas abraçando-as e mexendo, por exemplo, em seu cabelo ou mesmo beijando-as quando na verdade ela adota indiscriminadamente esta postura, sem diferenciar pessoas, lugares ou momentos. Esta aproximação usualmente segue um padrão repetitivo e não contém nenhum tipo de troca ou compartilhamento.

A dificuldade de sociabilização, que faz com que a pessoa que tem autismo tenha uma pobre consciência da outra pessoa, é responsável, em muitos casos, pela falta ou diminuição da capacidade de imitar, que é uns dos pré-requisitos cruciais para o aprendizado, e também pela dificuldade de se colocar no lugar de outro e de compreender os fatos a partir da perspectiva do outro.

Pesquisas mostraram que mesmo nos primeiros dias de vida um bebê típico prefere olhar para rostos do que para objetos. Através das informações obtidas pela observação do rosto dos pais, o bebê aprende e encontra motivação para aprender. Já o bebê com autismo dirige sua atenção indistintamente para pessoas e para objetos, e sua falha em perceber pessoas faz com que perca oportunidades de aprendizado, refletindo em um atraso do desenvolvimento.

Desvios qualitativos na imaginação

Se caracteriza por rigidez e inflexibilidade e se estende às várias áreas do pensamento, linguagem e comportamento da pessoa. Isto pode ser exemplificado por comportamentos obsessivos e ritualísticos, compreensão literal da linguagem, falta de aceitação das mudanças e dificuldades em processos criativos.

Esta dificuldade pode ser percebida por uma forma de brincar desprovida de criatividade e pela exploração peculiar de objetos e brinquedos. Uma criança que tem autismo pode passar horas a fio explorando a textura de um brinquedo. Em crianças que têm autismo e têm inteligência preservada, pode-se perceber a fixação em determinados assuntos, na maioria dos casos incomuns em crianças da mesma idade , como calendários ou animais pré-históricos, o que é confundido às vezes com nível de inteligência superior.

As mudanças de rotina, como de casa, dos móveis, ou até mesmo de percurso, costumam perturbar bastante algumas dessas crianças.

Espectro do Autismo

O Autismo não é uma condição de "tudo ou nada"; ao contrário, é visto como um continuum que vai do grau leve ao severo. Existe uma grande associação entre autismo e retardo mental, desde o leve até o severo, sendo que considera-se que a gravidade do retardo mental não está necessariamente associada à gravidade do autismo.

A palavra autismo atualmente pode ser associada a diversas síndromes. Os sintomas variam amplamente, o que explica por que atualmente refere-se ao autismo como um espectro de transtornos

Dentro deste espectro encontramos sempre a tríade de comprometimentos que confere uma característica comum a todos eles. Alguns são diagnosticados simplesmente como autismo, traços autísticos, etc, ou Síndrome de Asperger (considerado por muitos como o autismo com inteligência normal). Além destes, existem diversas síndromes identificáveis geneticamente ou que apresentam quadros diagnósticos característicos, que também estão englobadas no Espectro do Autismo.
Fonte: AMA



História do Autismo

Na busca por compreender melhor esse transtorno chamado autismo, recomendamos fortemente a leitura do livro "Autism - Explaining the Enigma" (Oxford, Basil Blackwell, 1989), de Uta Frith. Transcrevemos trechos deste livro que consideramos esclarecedores dentro deste assunto. "O autismo não é um problema atual, embora só tenha sido reconhecido recentemente. Em virtude da breve história da psiquiatria, e da ainda mais curta história da psiquiatria infantil, sabemos que um transtorno descrito recentemente não é necessariamente um transtorno novo.

Um aumento no número de casos diagnosticados não significa necessariamente um aumento no número de casos. (...)" Página 16 de "Autism - Explaining the Enigma" (1989) de Uta Frith. "Como o Autismo foi Reconhecido Inicialmente Qualquer abordagem sobre o tópico autismo infantil deve referenciar os pioneiros Leo Kaner e Hans Asperger que, separadamente, publicaram os primeiros trabalhos sobre esse transtorno. As publicações de Kanner em 1943 e de Asperger em 1944 continham descrições detalhadas de casos de autismo, e também ofereciam os primeiros esforços para explicar teoricamente tal transtorno. Ambos acreditavam que desde o nascimento havia um transtorno básico que originava problemas altamente característicos. Parece uma coincidência notável o fato de que ambos escolheram a palavra ‘autista’ para caracterizar a natureza do transtorno em questão. Na verdade, não é uma coincidência, uma vez que esse termo já tinha sido apresentado pelo eminente psiquiatra Eugen Bleuler em 1911. Originalmente, esse termo se referia a um transtorno básico em esquizofrenia (outro termo lançado por Bleuler), mais especificamente, o estreitamento do relacionamento com as pessoas e com o mundo exterior, um estreitamento tão extremo que parecia excluir tudo, exceto a própria pessoa. Este estreitamento poderia ser descrito como um afastamento da estrutura de vida social para a individualidade. Daí as palavras ‘autista’ e ‘autismo’, originárias da palavra grega autos, que significa ‘próprio’. Atualmente, elas são aplicadas quase que exclusivamente ao transtorno de desenvolvimento que aqui chamamos de autismo, com a maiúsculo. Prefiro usar o termo Autismo a usar ‘autismo infantil precoce’ ou ‘autismo infantil’, termos que contrastam com ‘autismo adulto’, e podem erroneamente sugerir que possamos nos desenvolver e não mais ser portadores do transtorno. Tanto Kanner, trabalhando em Baltimore, quanto Asperger, trabalhando em Viena, notaram casos de crianças diferentes que tinham em comum algumas características fascinantes. Acima de tudo, as crianças pareciam incapazes de desenvolver um relacionamento afetivo normal com as pessoas.

Em contraste ao conceito de esquizofrenia de Bleuler, o transtorno parecia existir desde o começo. O artigo de Kanner tornou-se o mais citado em toda a literatura sobre autismo, enquanto que o artigo de Asperger, escrito em alemão e publicado durante a Segunda Guerra Mundial, foi largamente ignorado. Surgiu uma crença de que Asperger descreveu um tipo bem diferente de criança, que não devia ser confundido com o de Kanner. Esta crença não tem fundamento, o que percebemos quando recorremos aos artigos originais. A definição de autismo feita por Asperger ou como ele a chamava ‘psicopatologia autista’ é bem mais ampla que a de Kanner. Asperger incluía casos que mostravam um dano orgânico severo e aqueles que transitavam para a normalidade. Atualmente, o termo ‘síndrome de Asperger’ tende a ser reservado para as raras crianças autistas quase normais, inteligentes e altamente verbais. Claramente, não era isso que Asperger pretendia, mas essa categoria especial teve utilidade clínica. Atualmente, a síndrome de Kanner é freqüentemente usada para indicar a criança com uma constelação de aspectos clássicos ou ‘nucleares’, assemelhando-se, em detalhes surpreendentes, às características que Kanner identificou em sua primeira descrição inspirada. Novamente, a categoria é clinicamente útil, pois transmite um padrão de protótipo. (...)" Páginas 7 e 8 de "Autism - Explaining the Enigma" (1989) de Uta Frith.

Fonte: AMA

VISÃO ATUAL: UM CONCEITO EM TRANSFORMAÇÃO

Introdução

As mudanças na forma de conceber o autismo estão ainda intimamente atreladas às mudanças conceituais na Psiquiatria, especialmente concernentes ao diagnóstico e classificação, mais recentemente à pesquisa em diversas disciplinas.
Fazendo um breve resumo do prefácio do manual de Almeida e cols (1996):

- Somente em meados do século XIX, a doença mental passou a ser objeto de estudo e investigação sistemática, especialmente na Europa, passando por um “período científico-naturalista”. Como a medicina orgânica, a medicina mental tentou inicialmente decifrar a essência da doença agrupando os sinais que a indicavam, constituindo-se assim uma sintomatologia. Por outro lado, constituiu-se também uma nosografia, onde são analisadas as próprias formas da doença, descritas as fases de evolução e restituídas as variantes que ela possa apresentar. Podemos ser dito que Kraepelin e Freud ajudaram a delimitar a abordagem clínica da doença mental do ponto de vista biológico e psicológico, respectivamente. Entretanto, a introdução do método fenomenológico por Karl Jaspers (1883-1969) contribuiu para estabelecer as bases da psicopatologia moderna.

- A partir do final da década de 40, a psiquiatria passa para a “era dos psicotrópicos”, a partir da descrição de John Cage da surpreendente eficácia dos sais de lítio no tratamento de pacientes com transtorno bipolar do humor. Sendo assim, num período de 10 anos, três grandes classes farmacológicas haviam sido descritas: antimaníacos, antipsicóticos e antidepressivos - tendo tal impacto sobre o tratamento e compreensão da doença mental, que estes nunca mais seriam os mesmos (Almeida e cols, 1996). Com a ajuda da medicação, o número de leitos e asilos psiquiátricos caiu vertiginosamente nas décadas subseqüentes, culminando na “era do cuidado comunitário”.
- A partir dos anos 60 e 70, o tratamento de pessoas com transtornos mentais migrou dos asilos para os ambulatórios, e em alguns locais, para a própria comunidade. Sendo que um dos objetivos do tratamento seria a reinserção plena do doente mental. Surge então, a antipsiquiatria, que questionava a própria razão de ser da psiquiatria, ou seja, questionava a existência da doença mental.

- Atualmente a psiquiatria estaria embarcando na “era científica”, onde uma relação mais direta entre clínica e pesquisa, aliada a novas “armas metodológicas” seriam promotoras potenciais de avanços significativos na clínica, manejo e investigação das doenças mentais. Salientam a importância do descobrimento dos fatores de risco e etiológicos das doenças mentais. Em relação à metodologia destacam: a) o aperfeiçoamento das técnicas de investigação epidemiológica, quanto ao delineamento e instrumentos de investigação e análise, incluindo técnicas estatísticas sofisticadas; b) a modificação das técnicas usadas em ensaios clínicos permitindo a avaliação da eficácia e efeitos colaterais de novos grupos de psicofármacos; c) a introdução de métodos de neuroimagem funcional e estrutural viabilizando o estudo do cérebro de pacientes acometidos in vivo; d) estudos anatômicos usando técnicas imuno-químicas têm permitido a abertura de novas perspectivas de compreensão de várias doenças mentais e e) técnicas de genética e biologia molecular têm sido usadas para desvendar os genes e a patogênese envolvidos em diversas doenças mentais. Observam que a partir deste momento a psiquiatria tornou-se uma especialidade multidisciplinar extremamente complexa.

- Concluem que ao que tudo indica, até o momento, foram dados apenas os primeiros passos para o que possa vir a ser uma reformulação radical da noção de doença mental. Entretanto, as grandes questões filosóficas permanecem, por exemplo, a relação mente/cérebro e objetivo/subjetivo ainda não foi resolvida.
A este respeito Sonenreich (1996) comenta a necessidade da psiquiatria de não se fixar em ideais como: “tudo parte da observação e a descrição rigorosa é o único instrumento científico” (p.2). Também enfatiza a necessidade de superação do dualismo:

“Na psiquiatria falamos de atividade psíquica e atividade cerebral como se fossem realidades em si, diferentes, precisando ser abordadas por instrumentos diferentes.Quem quer ultrapassar o dualismo acha que deve ou considerar a mente como produto do cérebro, ou o cérebro como produto da mente. Os estudos neurofisiológicos demonstram de maneira convincente que noções como causa-efeito, antes-depois, parte-todo, psicogênico-biológico precisam ser reformuladas. Falar de processos cerebrais e processos psíquicos é adotar certo modo de encarar os problemas, certo ponto de vista, certo nível de abordagem. Não significa que tratamos de realidades diferentes, eventualmente independentes. Para nos, a psiquiatria é um corpo de saber científico que se aplica a uma realidade, mas não se identifica com ela, não decorre dela. Como a física, a matemática: são ciências e não a mesma coisa que o objeto estudado, medido, calculado” (Sonenreich, 1996 p. 2).

Sistemas Atuais de Classificação em Psiquiatria

Os sistemas classificatórios mais usados em nossos dias e praticamente “oficiais” para pesquisa, periodicamente revisados e representando um consenso entre profissionais são o DSM – “Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders[1]”, desenvolvido pela Associação Americana de Psiquiatria e o CID - Classificação Internacional de Doenças, desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde. Atualmente DSM encontra-se na 4ª versão (DSM-IV), ou 5ª versão se consideramos o DSM-IV-TR (2002), e o CID na 10ª versão.


Segundo Jorge (1996), é tido como o ideal uma classificação etiológica baseada na compreensão patogênica da cada transtorno mental. Entretanto considera esta tarefa um tanto difícil, em face à multiplicidade de fatores que determinam o aparecimento de um transtorno mental. Segundo Lotufo Neto e cols (1995), a psiquiatria está na fase de descrição de síndromes – ou a etiologia não é conhecida, ou quando conhecida, ela é multifatorial.

Segundo Campos (1999), o objetivo principal dos códigos de classificação é possibilitar a comunicação dentre os diversos tipos de profissionais não somente pesquisadores, mas também clínicos e institucionais. Existe também a afirmação, contestável, que por serem descritivos – dando ênfase nos comportamentos e achados clínicos - os manuais seriam “ateóricos”, podendo então ser usados por profissionais independentemente da orientação.
Os códigos de classificação das doenças mentais optaram pela descrição dos quadros. Ao invés de operar com entidades nosológicas[2], estes sistemas têm preferido operar com descrições sindrômicas, devido à dificuldade de se estabelecer uma relação de causa e efeito entre os fatos e as manifestações. Sendo assim, sinais e sintomas devem ser agrupados de forma a constituir uma síndrome, que terá diferentes padrões de evolução na dependência das múltiplas causas que podem determiná-la. Desta forma, diversas doenças podem manifestar-se através de um mesmo quadro sindrômico. Por esta razão, os atuais sistemas de classificação têm usado o termo “transtornos” (“disorders”) mentais e não “doenças” mentais. Segundo a definição do CID-10 (OMS, 1992), a definição de transtorno mental se refere a:


“...um conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecíveis associado, na maioria dos casos, a sofrimento e interferência com funções pessoais” (p.5).

É importante ainda ressaltar que a definição do patológico em psiquiatria deriva de duas posições clássicas da Medicina:


1. A medicina Hipocrática é dimensional, entendendo a doença como um estado em um continuum que também inclui a sanidade.

2. A medicina Platônica é categorial, definindo as doenças como estados típicos, distintos uns dos outros e do estado de sanidade. Ela nos remete a entidades discretas, com limites claros e qualitativamente definidos. No entanto há dois modelos de classificação categorial:

a. Clássica ou tradicional - é um modelo determinístico, onde a pertinência é homogênea, os limites são distintos e se ajustam perfeitamente às categorias;

b. Prototípica - é um modelo probabilístico, onde a pertinência é heterogênea, os limites se sobrepõem e se ajustam apenas parcialmente às categorias.
A proposta dos atuais sistemas de classificação tende se ajustar mais ao segundo modelo (platônico, categorial e prototípico), onde seus constituintes são protótipos de transtornos mentais (Jorge, 1996).

Etmologicamente o termo diagnóstico tem origem grega e significa reconhecimento. Ele deveria ter os seguintes objetivos e funções: constituir uma categoria para o conhecimento, se constituir em instrumento de comunicação, possibilitar uma previsão (prognóstico) e se constituir em fundamento de uma atividade (função social do diagnóstico). Estes têm o papel de orientar as condutas terapêuticas e de se prestar à definição de políticas de saúde adequadas ao perfil nosológico de uma determinada coletividade (Jorge, 1996). Em psiquiatria o processo diagnóstico envolve as diversas fases componentes de uma avaliação psiquiátrica.
Evolução da Terminologia, classificação e construção do conceito

Em conceito o diagnóstico de autismo não mudou substancialmente desde a primeira formulação, ocorreram sim muitas mudanças na maneira de interpretá-lo, o que resultou num número muito maior de pessoas diagnosticadas com autismo (Tager-Flusberg, Joseph e Folstein, 2001) .

Durante as últimas décadas as mudanças nos conceitos de autismo têm sido “capturadas” nas diferentes edições do DSM e do CID. Cabe aqui lembrar que a Escola Psiquiátrica Francesa remete o autismo a um defeito na organização ou desorganização da personalidade, mantendo-se fiel à concepção do que foi o termo psicose (Houzel, apud Assumpção Jr., 1995). Da mesma forma que a nona revisão do CID (Misés, apud Assumpção Jr., 1995).

Nos sistemas de classificação oficiais o termo “autismo” como condição de acometimento na infância, só aparece após mais de 20 anos da primeira publicação de Kanner. Na primeira menção, no CID-8[3], é classificado com um subgrupo das esquizofrenias (Wing e Potter, 2002).

As primeiras alterações desta concepção surgem em 1976, a partir do famoso livro de Ritvo sobre autismo, onde ele associa o autismo a déficits cognitivos, considerando-o um distúrbio do desenvolvimento e não uma psicose (Assumpção Jr, 1995; Assumpção Jr e Pimentel, 2000).

Em 1979, Wing e Gould terminaram o famoso estudo epidemiológico de Camberwell. O objetivo do estudo foi de

Investigar toda a amplitude de fenômenos clínicos nas crianças para verificar se as síndromes nomeadas na literatura poderiam ser identificadas e separadas umas das outras e de outros transtornos da infância. Para observar qualquer mudança que poderia ocorrer com a passagem do tempo as crianças foram então acompanhadas até a adolescência ou início da vida adulta.

Uma limitação deste estudo foi que as crianças elegíveis foram procuradas somente dentre aquelas que freqüentando escolas especiais e classes especiais. Conseguiram detectar um grupo de crianças que apresentavam perturbações sociais e interação social comprometida e anormal para qualquer idade mental. Seus níveis de inteligência abrangiam toda a amplitude, desde retardo profundo até normal, embora a maioria tinha retardo mental. O comprometimento social deste grupo estava diretamente associado aos comprometimentos da interação social, da comunicação social de duas vias (bidirecional) e imaginação social.

A “Tríade de comprometimentos"

Interação Social

Comunicação Imaginação

Comportamento: rígido, repetitivo e estereotipado

A partir de pesquisas realidades na década de 1970 e destes resultados, e do interesse no trabalho de Asperger, Wing e Gould (1979) formularam inicialmente a noção de um continuum de gradação nitidamente relacionada com o grau de comprometimento cognitivo - e posteriormente nomeado de espectro do autismo (Gillberg e Gillberg, 1989) - cujas características essenciais comuns seria a noção de “Tríade de Comprometimentos” da interação social, comunicação e imaginação (Wing, 2005). A presença da tríade produziria um padrão de atividades e interesses rígidos, repetitivos e estereotipados (Quadro 1)



a Existem outras características clínicas vistas em transtornos do continuum do autismo, não mencionadas nas várias séries de critérios essenciais para o diagnóstico.

b As manifestações de cada item (numerados de 1 a 4 sob cada legenda) são pontos escolhidos arbitrariamente ao longo do continuum. Na verdade, cada um se mistura ao outro sem quaisquer divisões claras

O DSM-III (APA, 1980), marcou uma mudança importante no conceito de “autismo infantil”. Se nas edições anteriores do DSM (APA, 1952, 1968) o termo esquizofrenia infantil descrevia as crianças autísticas, a partir do DRM-III (APA, 1980), o autismo passou a fazer parte de uma nova classe de distúrbios com início na infância. Foi inserido na categoria geral das “Pervasive developmental disorders” - traduzida para o português como “distúrbios invasivos do desenvolvimento”, “distúrbios abrangentes do desenvolvimento” ou ainda “distúrbios globais do desenvolvimento”. O autismo saiu então das asas da esquizofrenia e das psicoses, para ser concebido como um transtorno do desenvolvimento.

Alguns autores observam que o conceito de “Pervasive developmental disorders” foi uma “tradução” um pouco diferente da tríade de Wing. O termo “persavive”, conservado pelas classificações oficiais, refere-se à idéia de que os comprometimentos da tríade “penetrariam ou atravessariam” todas as esferas da vida da criança, sendo provenientes de um distúrbio do desenvolvimento (Szatmari, 2000; Tisdmarsh e Volkmar, 2003).

Fonte AMA