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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O QUE NOS PEDIRIA UM AUTISTA

1 - Ordem e estrutura, antecipando o que vai acontecer.

2 - Respeita o meu ritmo. O normal é que eu me desenvolva cada vez mais.

3 – Fale-me pouco e devagar. As palavras em demasia podem ser uma carga muito pesada para mim.

4 – Diga, de algum modo, quando consigo executar tarefas bem feitas, mesmo que nem sempre eu consiga. Necessito compartilhar o prazer e o gosto de fazer as coisas bem feitas.
5 - Necessito de mais ordem e mais previsibilidade no nosso convívio. Teremos que negociar os meus rituais para convivermos.

6 – Não permitas que me acomode e permaneça inativo, mesmo sendo difícil compreender o sentido de muitas das coisas que me pedem para fazer. Elas têm que ter um sentido concreto.

7 - Respeita as distâncias que necessito, porém sem me deixar só. As pessoas são, às vezes, demasiadamente imprevisíveis, ruidosas ou estimulantes.

8 - Quando eu me zango ou me golpeio, se destruo algo ou me movimento em excesso, quando me é difícil atender ou fazer o que me pede, não estou querendo te prejudicar. O que faço não é contra você. Não me atribuas más intenções!

9 - Meu desenvolvimento não é absurdo, embora não seja fácil de entender. Muitas das condutas são formas de enfrentar o mundo na minha especial forma de ser e perceber.

10- Meu mundo não é complexo e fechado. Pelo contrário, é aberto, sem dissimulações e mentiras, tão ingenuamente exposto aos demais, que é difícil penetrar nele.

11- Não me peças sempre as mesmas coisas nem me exijas as mesmas rotinas. O autista sou eu, não você!

12- Não sou só autista. Sou uma criança, um adolescente, ou um adulto. Compartilho muitas coisas das crianças, adolescentes ou adultos. É aquilo que compartilhamos que nos une.

13- Vale a pena viver comigo. Pode chegar um momento em sua vida em que eu, que sou autista, seja sua maior e melhor companhia.

14- Não me agridas quimicamente. Não preciso de medicamentos, apenas o acompanhamento periódico de um especialista.

15- Ninguém tem culpa de minhas reações e condutas difíceis de compreender. A idéia de "culpa" só produz sofrimentos.

16 - Ajuda-me a ter mais autonomia, mas peça só o que posso fazer.

17- Necessito estabilidade e bem estar emocional ao meu redor para estar melhor. Para mim, não é bom que estejas mal e deprimido.

18- Ajuda-me com naturalidade, sem obsessão. Aproxime-se de mim, porém, tenha seus momentos de repouso ou dedique a suas própria atividades.

19- Aceita-me como sou. Minha situação normalmente melhora, ainda que, no momento, não tenha cura.

20- Não compreendo as sutilezas sociais, porém tão pouco participo das duplas intenções ou dos sentimentos perigosos tão freqüentes na vida social. Minha vida pode ser satisfatória, se é simples, ordenada e tranqüila. Ser autista é um modo de ser, ainda que não seja o normal. Nessa vida, podemos encontrar-nos e compartilhar muitas experiências.

(Adaptação do texto de Angel Rivière, Autism-Spain - Assessor Técnico da APNA - Madrid, 1996.

domingo, 11 de setembro de 2011

Diagnóstico Precoce

Segue link com dois vídeos sobre autismo em bebês. Clique em

"Vídeo "Autismo em Bebês" para diagnóstico precoce do autismo''

Reportagem sobre o diagnóstico em bebês. Créditos à Revista Autismo [www.http://revistaautismo.com.br]

Todos juntos pelo autismo!

por Walter Camargos Júnior

Neste texto o autor, que tem trabalhado muito com o tema, é autor do vídeo “Autismo em Bebês” (www.fhemig.mg.gov.br/pt/publicacoes/campanhas-educativas) e escreve sobre possibilidades e necessidades. Essas informações só são válidas para os 60% a 70% das crianças autistas que nascem com sinais de autismo, já que o restante vai apresentar algum desenvolvimento normal e só depois apresentarão os sinais de autismo, conforme opinião de Eric Fombonne.

A afirmação do enunciado deste texto traz ao menos quatro perguntas:

1) quais são os sinais possíveis a serem vistos?

2) por que a maioria das suspeitas ocorrem após a idade de dois a três anos?

3) qual a importância dessa precocidade?

4) o que precisamos mudar?

1) Quais são os sinais possíveis de serem vistos?

É possível ver todos os sinais que ocorrem em crianças maiores, todos. Mas, evidentemente estes sinais estão adequados à idade do bebê. Por exemplo: como o bebê ainda não anda, não o veremos correndo e subindo em tudo, como vemos numa criança acima de dois anos, mas haverá a informação de que o bebê não dorme na quantidade esperada, chora muito, é cansativo, etc. Encontramos bebês que só ficam no colo, ou dormem em posições muito estranhas, ou se alimentam com determinados rituais, etc – isso é equivalente aos sintomas de manutenção de rotinas que encontramos na vida posterior.

Todos os bebês com desenvolvimento normal apresentam as mesmas características, que não são comuns nem constantes nos que têm autismo: alegria, curiosidade; prazer no contato físico com outros – o aconchego; busca pela “atenção” das outras pessoas; busca pelo olhar das outras pessoas; alternância alegria / irritação e acordado / dormindo. É importante ressaltar que essas características podem ocorrer, mas não são freqüentes nem constantes nos que tem autismo. Isso quer dizer que se alguns comportamentos normais existirem, podem não estar presentes na mesma quantidade que ocorre com o bebê sem autismo.

Após chamar a atenção do leitor que comportamentos normais podem também estar presentes mas numa quantidade muito menor, descreverei aqui algumas diferenças de qualidade de comportamentos existentes “facilmente” vistos nos bebês: olham menos para a mãe e outras pessoas, em todas as situações esperadas como nos momentos livres de contato puro e simples, na amamentação, nos momentos de higiene pessoal do bebê, etc.; há menos trocas comunicativas aos encontros com a mãe e outros e o olhar nos olhos como forma de comunicar é ausente ou rara, mesmo quando pede algo; não acompanham com o olhar a movimentação da mãe, mas o fazem com objetos; o aconchego físico pode ser rejeitado com a demonstração de sentir-se melhor no berço quando fica sozinho; pode não levantar os braços para ser retirado do berço; pode não demonstrar alegria com mudanças da mímica facial e corporal e nem emissão de sons às brincadeiras usuais de beijos, cócegas, música, etc. – a mímica não modifica de acordo com as situações que estão acontecendo; pode não demonstrar alegria ao ver a mãe / cuidador; pode não reagir à voz da mãe e de pessoas próximas, assim como a um barulho próximo; pode haver pouco sono noturno e diurno, e alterações na alimentação (muita ou não chorar para alimentar); a partir dos cinco meses não reage / responde ao nome – não se reconhece pelo som de seu nome (este sinal é o mais fácil de ser percebido por qualquer um); por volta de oito meses não aponta o que quer; por volta de um ano não aponta para partilhar interesses; há um atraso nas brincadeiras de esconde-esconde dessa idade (em Minas Gerais isso se chama de “pudi”); a fala geralmente não surge na quantidade esperada; pode haver movimentos de mãos e braços sem finalidade aparente, usualmente mãos na frente dos olhos; quando já anda, pega o outro pela mão e o leva para fazer algo – usa outros como ferramentas; quando fala, usa o terceiro pronome (ele) para se nomear, ao invés do primeiro (eu).

O questionário de triagem de nome M-CHAT, indicado para utilização aos 18 meses, que é de fácil uso, possui 23 itens, dos quais seis são os mais importantes, a saber: interessa-se pelas outras crianças; aponta para mostrar algo de seu interesse; alguma vez lhe trouxe objetos (brinquedos) para lhe mostrar; imita o adulto; responde/olha quando o(a) chamam pelo nome; se apontar para um brinquedo do outro lado da sala, a criança acompanha com o olhar.

Como se pode verificar já nessa idade, há sinais de prejuízo das três áreas (interação, comunicação e comportamentos) que formam os critérios clássicos de diagnóstico de autismo infantil – Classificação Internacional de Doenças e o Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais.

2) Porque a grande maioria das suspeitas ocorrem só após a idade de dois a três anos?

Porque ninguém quer ver problemas nos filhos; porque a falta de experiência prévia com uma criança de desenvolvimento normal impede a percepção de que a criança está tendo um atraso no desenvolvimento; e porque os médicos pediatras ou dos Programas de Saúde da Família não foram treinados a identificar esses atrasos nessa idade. Os pediatras dominam bem o desenvolvimento sensório motor, mas não os aspectos emocionais e cognitivos. Isso explica o porquê de eles identificarem facilmente um atraso na fala, mas não um atraso na comunicação (olhar, mudança da mímica numa brincadeira, apontar, não resposta ao nome, etc.) – eles só identificam atrasos instalados em sua plenitude.

3) Qual a importância da precocidade da suspeita do Autismo?

Porque quanto mais cedo é identificado um transtorno, mais rápido o curso normal do desenvolvimento pode ser retomado. Porém os resultados dependem não somente da identificação dos atrasos e da indicação dos tratamentos adequados e eficazes, mas da aceitação dessa condição diferenciada pelas famílias e pelo futuro de cada um, que não dominamos nem sabemos.

.O que eu e minha equipe temos presenciado é a incomparável velocidade na melhora clínica de crianças abaixo de quatro anos quando comparamos com aqueles que iniciam os tratamentos aos seis anos. Outra questão importante é a conclusão do autor Kleinman (2008) de que aproximadamente 90% das crianças diagnosticadas como autistas aos dois anos de idade, mantêm tal diagnóstico posteriormente.

4) O que precisamos mudar para realmente melhorar o futuro das crianças com autismo infantil?

Treinar os médicos; criar um cadastro estadual ou nacional para o Autismo Infantil, para ser possível a realização de pesquisas nacionais sobre o tema; instituir uma avaliação de triagem para autismo aos 18 meses através da Sociedade Brasileira de Pediatria e o Ministério da Saúde como já existe nos Estados Unidos; e instituir tratamento realmente especializado para essa população – que não quer dizer em aumentar as vagas de tratamentos focados em sintomas psicóticos e/ou antissociais, como é o atual padrão dos CAPPS-I existentes no País.

Concluindo, a suspeição da maioria dos quadros de autismo pode ser realizada já nos primeiros meses de vida na maioria das vezes e tais quadros são passíveis de melhoras clínicas significativas. O conhecimento na área do Autismo Infantil tem crescido muito em nosso País, mas muito caminho ainda há para ser percorrido se não esquecermos que os bebês com autismo são pessoas e cidadãos brasileiros como nós!

ANEXO

Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT), Diana Robins, Deborah Fein & Marianne Barton, 1999. Resultados superiores a três falhas em no total ou em dois dos ítens considerados críticos (2,7,9,13,14,15), indicam uma avaliação por profissionais especializados.

  • Gosta de brincar ao colo fazendo de “cavalinho”, etc
  • Interessa-se pelas outras crianças
  • Gosta de subir objetos, como, por exemplo, cadeiras, mesas
  • Gosta de brincar de esconde-esconde
  • Brinca de faz-de-conta, por exemplo, falar ao telefone ou dar de comer a uma boneca, etc
  • Aponta com o indicador para pedir alguma coisa
  • Aponta com o indicador para mostrar interesse em alguma coisa
  • Brinca apropriadamente com brinquedos (carros ou Legos) sem levá-los à boca, abanar ou deitá-los ao chão
  • Alguma vez lhe trouxe objetos (brinquedos) para lhe mostrar
  • A criança mantém contato visual por mais de um ou dois segundos
  • É muito sensível aos ruídos (ex.: tapa os ouvidos)
  • Sorri como resposta às suas expressões faciais ou ao seu sorriso
  • Imita o adulto (ex.: faz uma careta e ela imita)
  • Responde/olha quando o(a) chamam pelo nome
  • Se apontar para um brinquedo do outro lado da sala, a criança acompanha com o olhar
  • Já anda
  • Olha para as coisas para as quais o adulto está olhando (acompanha o olhar do adulto como atenção compartilhada)
  • Faz movimentos estranhos com as mãos/dedos na frente do rosto
  • Tenta chamar a sua atenção para o que está fazendo
  • Alguma vez se preocupou quanto à sua audição
  • Compreende o que as pessoas lhe dizem
  • Por vezes fica a olhar para o vazio ou fica andando ao acaso pelos espaços
  • Procura a sua reação facial quando se vê confrontada com situações desconhecidas

Walter Camargos Jr. é médico, especialista em Psiquiatria da Infância e Adolescência no Hospital Infantil João Paulo II, Unidade FHEMIG, em Belo Horizonte (MG) e mestre em Ciências da Saúde pelo IPSEMG. Contato: (31) 3261-5976 e e-mail waltercamargos@uiavip.com.br

domingo, 21 de agosto de 2011

Curso: Comunicação e Autismo



A Somar promove o curso: Comunicação e Autismo, que será realizado no dia 27/08/2011 no Centro de Convenções. O Curso será destinado para pais, profissionais e estudantes das áreas de saúde e educação, que tenham interesse em compreender as dificuldades da linguagem da criança com Transtorno do Espectro Autista, como também aprender estratégias para estimular a comunicação destas crianças.
Mais informações no site da Somar.

Congresso Internacional sobre Autismo



 Curitiba sediará, no período de 24 à 27 de agosto de 2011, o Congresso Internacional sobre Autismo. O evento interdisciplinar pretende discutir alternativas de prevenção, intervenção e pesquisa sobre o Autismo, um quadro clínico cujo comprometimento psíquico acarreta graves dificuldades em diferentes áreas do desenvolvimento tais como a comunicação, a socialização, a aprendizagem, atenção e percepção, entre outros. 

 Se por um lado, muito se avançou na descrição e diagnóstico deste quadro clínico, favorecendo uma conscientização por parte da sociedade sobre esse problema verificado, por exemplo, no trabalho de inclusão de crianças autistas em escolas regulares, por outro lado, há ainda muito a se pesquisar no que concerne tanto à detecção precoce quanto à etiologia deste quadro.

 De todo modo, as evidências clínicas já indicam a importância do início do tratamento no prognóstico do quadro. Assim, uma detecção precoce, seguida de uma intervenção a tempo é determinante para a diminuição dos danos no desenvolvimento psíquico, ampliando as possibilidades de subjetivação e aprendizagem.

 Assim, este evento buscará reunir profissionais de diferentes áreas que, em conjunto, possam fazer avançar tanto o conhecimento científico quanto as políticas públicas de intervenção clínico-educacionais e inclusivas para as crianças autistas.

Mais informações em  Congresso Autismo

Estudo afirma que fatores ambientais podem causar autismo



Pesquisa confirma que fatores ambientais podem ser uma das causas do autismo. Foto: Getty Images
Um novo estudo sobre o autismo, realizado com gêmeos, sugere que além das causas genéticas conhecidas, fatores ambientais, incluindo o útero, podem determinar o desenvolvimento da anomalia durante a gestação. A pesquisa é muito importante porque muda o foco para a possibilidade de que o ambiente também deve ser levado em conta, disse Dr. Peter Szatmari, Chefe da Psiquiatria Infantil e Neurociência Comportamental da Universidade McMaster, em Ontário, ao jornal The New York Times.                                             
Considerado um dos maiores estudos realizados com gêmeos, os pesquisadores analisaram 192 pares de irmãos idênticos e fraternais. Pelo menos um gêmeo de cada par tinha a forma clássica de autismo, que é marcada por isolamento social, problemas de comunicação e comportamentos repetitivos. Em muitos casos, o outro gêmeo também tinha autismo clássico ou mais suave como a síndrome de Asperger. Durante a pesquisa, os especialistas observaram um crescimento considerável nas taxas de autismo - muito mais rápido do que nossos genes podem evoluir. Daí surgiu a aceitação de que os genes não contam toda a história da evolução da doença. Outros estudiosos citaram fatores como idade dos pais, gravidez múltipla, baixo peso ao nascer e exposição a medicamentos ou infecção materna durante a gravidez. O novo estudo será publicado na edição  de novembro na revista Archives of General Psychiatry.


foto: Getty Images
fonte: www.saudeterra.com.br

No caminho para tratar o autismo



Cientistas identificam novas regiões no genoma implicadas no distúrbio
O autismo é causado por muitas pequenas variações no genoma, dizem investigadores
O autismo é causado por muitas pequenas variações no genoma, dizem investigadores.
2011-06-09
Centenas de pequenas variações genéticas estão associadas a perturbações do espectro do autismo, incluindo uma área de DNA que pode ser a chave para entender por que razão os seres humanos são animais sociais, afirmam investigadores da Universidade de Yale.
O estudo destes cientistas, publicado na revista Neuron, reforça a teoria de que o autismo, um distúrbio que se desenvolve na primeira infância, envolvendo deficiências na interação social, déficits de linguagem e comportamentos distintos, não é causado por um ou dois grandes defeitos genéticos, mas por muitas pequenas variações, cada uma associada a uma pequena percentagem dos casos.

Matthew State, investigador que conduziu o estudo, analisou mais de mil famílias onde havia uma única criança com um transtorno do espectro do autismo, um irmão não afetado e pais não afetados. A equipe, incluindo o autor principal Stephan Sanders, da Universidade de Yale, comparou os indivíduos com autismo aos seus irmãos para determinar que tipos de mudanças genéticas distinguiam a criança afetada da criança não afetada.


Síndrome de Williams
Um dos aspectos mais intrigantes dos resultados aponta para a mesma pequena seção do genoma que causa a síndrome de Williams, um distúrbio do desenvolvimento marcado por alta sociabilidade e uma aptidão invulgar para a música.

“No autismo, há um aumento no material cromossômico, uma cópia extra desta região, e na síndrome de Williams, há uma perda desse mesmo material”, explica Matthew State.
“O que torna esta observação interessante é que a síndrome de Williams é conhecida por um tipo de personalidade que é altamente empática, social e sensível ao estado emocional dos outros. Os indivíduos com autismo têm frequentemente dificuldades neste aspecto. Isto sugere que há um ponto importante nessa região para compreender a natureza do cérebro social”. Matthew State e equipe também encontraram outras 30 regiões no genoma que são muito prováveis de contribuir para o autismo. “Agora estamos avançando para uma segunda fase do estudo, em que analisaremos mais mil e seiscentas famílias para podermos ser capazes de identificar várias regiões novas que estão fortemente implicadas no autismo”, refere o cientista.

Stephan Sanders e Matthew State estão otimistas com as novas descobertas, sugerindo que a genética é o primeiro passo para entender o que realmente acontece no cérebro a nível molecular e celular. “Podemos usar estes resultados genéticos para começar a desvendar a biologia subjacente do autismo”, revela Stephan Sanders.
“Isso vai ajudar muito nos esforços para identificar novas e melhores abordagens para o tratamento”.

Risco de autismo é maior do que se pensava em famílias já afetadas


Risco de autismo é maior do que se pensava em famílias já afetadas
WASHINGTON, EUA — O risco de uma criança sofrer de autismo é maior do que se pensava até agora quando um ou mais de seus irmãos mais velhos já padecem desta complexa síndrome, de acordo com uma nova estimativa publicada nesta segunda-feira nos Estados Unidos.
Esta probabilidade, que era considerada de 3 a 10% antes desta pesquisa é, na realidade, de 18,7%, segundo revela este estudo realizado por cientistas da Universidade da Califórnia em Davis e com a participação do Instituto M.I.N.D.
Para os homens, o perigo é ainda maior, de mais de 6%, e supera os 32% quando dois de seus irmãos mais velhos são autistas.
Cerca de 80% das crianças autistas é do sexo masculino, algo confirmado por este estudo realizado com 664 pacientes.
Os pesquisadores fizeram um acompanhamento do grupo dos oito meses de idade em média até os três anos, quando as crianças foram examinadas para ver se sofriam de autismo.
Nas famílias nas quais já havia um filho com autismo, o índice de irmãos e irmãs menores que também terminaram padecendo desta síndrome é de 20,1%. Essa taxa sobe para 32,2% no caso de mais de um irmão autista.
Somente 37 dos participantes do estudo estavam nesta circunstância.
"Este é o estudo mais extenso já realizado com irmãos e irmãs menores de crianças autistas", afirmou a dra. Sally Ozonoff, professora de Psiquiatria e Ciências do Comportamento no Instituto M.I.N.D. e principal autora do trabalho.
"Nenhuma outra pesquisa colocou em evidência até agora um risco tão elevado que essas crianças passam de padecer de autismo", acrescenta em um comunicado.
Este documento foi postado no site do jornal Pediatrics e será publicado na imprensa em setembro.
Os pesquisadores enfatizaram também os indícios claros do papel desempenhado pelos fatores genéticos no desenvolvimento do autismo, um problema complexo que afeta a capacidade da criança de pensar, de se comunicar, de interagir socialmente e de aprender.
Nos Estados Unidos, calcula-se que o autismo afete uma em cada dez crianças nascidas atualmente.

quinta-feira, 31 de março de 2011

EU VOLTEI...

Eu Taua Colares mãe de Kleber  Siqueira Campos. Aviso aos nevegantes. Estou de volta! E nossa batalha continua!

CDH discute elaboração de Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com autismo

Na manhã desta quinta-feira (31), a Comissão de Diretos Humanos e Legislação Participativa (CDH) discutiu a sugestão (SUG 1/2010) da Associação em Defesa do Autista (Adefa) para elaboração de projeto que visa instituir uma Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. O objetivo é regulamentar ações da administração pública em favor da pessoa com autismo.







O presidente da comissão, senador Paulo Paim (PR-RS), informou que realizará nova reunião a partir das 15h para votar a sugestão. Se aprovada, a sugestão, relatada pela senadora Ana Rita (PT-ES), passará a tramitar como projeto de lei do Senado e será examinada pela Casa.






De acordo com Ana Rita, que apresentou relatório pela aprovação da matéria, o projeto define direitos da pessoa diagnosticada com autismo - agora denonimado transtorno do espectro autista (TEA) - e diretrizes para inserção dos mesmos na sociedade.






A sugestão original propunha a criação de um sistema nacional integrado de atendimento à pessoa autista, mas a relatora considerou que essa ação é prerrogativa do Executivo e, por isso, propôs a instituição de uma política para proteção aos autistas.






Pessoa com Deficiência






Com a aprovação do projeto, explicou a senadora, a pessoa autista também passará a ser classificada como pessoa com deficiência.






- O autista passará a ter todos os direitos que as pessoas com deficiência já conquistaram até hoje em termos de políticas públicas - destacou a senadora.






O senador Wellington Dias (PT-PI), que tem uma filha diagnosticada com o transtorno, assinalou que o mundo ainda conhece muito pouco sobre o autismo.






-Tenho sempre reafirmado como mudou a minha vida e a vida da minha esposa essa experiência - assinalou.






Os senadores também destacaram o fato de o projeto ser fruto de proposta de iniciativa popular.






- Isso mostra a grande vantagem da nossa Constituição que permite a iniciativa popular em projetos como este e da Ficha Limpa - salientou Cristovam Buarque (PDT-DF).






Segundo o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que é presidente da Subcomissão das Pessoas com Deficiência, é preciso realizar debates com diferentes grupos de pessoas com deficiência para compreender as "lutas específicas" de cada um.






O senador indagou, durante a reunião, ao coordenador da Coordenadoria para Inclusão da Pessoa com Deficiência do Distrito Federal (CORDE-DF), Fernando Cotta, sobre a principal dificuldade enfrentada pelos autistas.






- O principal problema é a dificuldade de diagnóstico - explicou Cotta, que reivindicou a criação de políticas de saúde pública para o tratamento e o diagnóstico do autismo.






Senado azul






Paim informou ainda que o edifício do Congresso Nacional será iluminado com luzes de cor azul (cor definida para o autismo) na noite de 2 de abril, em homenagem ao Dia Internacional para a Conscientização do Autismo. Vários prédios e monumentos importantes do Brasil e do Mundo, entre eles o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, e o Empire State, em Nova York, também receberão a iluminação especial.






Para ver a íntegra do que foi discutido na comissão, clique aqui.


Rodrigo Baptista / Agência Senado


(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

http://www.senado.gov.br/noticias/verNoticia.aspx?codNoticia=108601



sexta-feira, 2 de julho de 2010

BODERLINE


Borderline é um transtorno de personalidade que traz sérias conseqüências para a pessoa, seus familiares e seus amigos próximos. O termo "fronteiriço" não se refere ao limite entre um estado normal e um psicótico. Ele se refere a uma instabilidade constante de humor.



Não é muito freqüente. Nos USA se considera 2% da população, (mas cuidado, geralmente as estatísticas lá são exageradas). Muito mais freqüente em mulheres do que em homens (por isso a página é escrita no feminino).



1) Sintomas (claro que nem todas as Borderline tem todos estes sintomas):



Medo de abandono: uma necessidade constante, agoniante de nunca se sentirem sozinhas, rejeitadas e sem apoio.

Dificuldade de administrar emoções

Impulsividade.

Instabilidade de humor. As oscilações de humor do DAB ou TAB - Distúrbio ou Transtorno Afetivo Bipolar duram semanas ou meses, mas as Borderline têm oscilações de minutos, horas, dias. Essas oscilações de humor incluem depressões, ataques de ansiedade, irritabilidade, ciúme patológico, hetero- e auto-agressividade. Uma paciente marca a consulta informando que está super deprimida, querendo morrer. No dia seguinte chega à consulta bem humorada, bem vestida, maquiada, vaidosa.

Comportamento auto-destrutivo (se machucar, se cortar, se queimar). As portadoras de Borderline dizem que se machucam para satisfazer uma necessidade irresistível de sentir dor. Ou porque a dor no corpo "é melhor que a dor na alma".

Tentativas de suicídio, mais freqüentemente as de impulso do que as planejadas.

Mudanças de planos profissionais, de círculos de amizade.

Problemas de auto-estima. Borderlines se sentem desvalorizadas, incompreendidas, vazias. Não tem uma visão muito objetiva de si mesmos.

Muito impulsivas: idealizam pessoas recém conhecidas, se apaixonam e desapaixonam de maneira fulminante.

Desenvolvem admiração e desencanto por alguém muito rapidamente.

Alta sensibilidade a qualquer sensação de rejeição. Pequenas rejeições provocam grandes tempestades emocionais. Uma pequena viagem de negócios do namorado ou marido pode desencadear uma tempestade emocional completamente desproporcional (acusações de rejeição, de abandono, de não se preocupar com as necessidades dela, de egoísmo, etc.).

A mistura de idealização por alguém e a extrema sensibilidade às pequenas rejeições que fazem parte de qualquer relacionamento são a receita ideal para relacionamentos conturbados e instáveis, para rompimentos e estabelecimento imediato de novos relacionamentos com as mesmas idealizações.

Mais raramente, episódios psicóticos (se sentirem observadas, perseguidas, gozadas, comentadas).

2) Risco aumentado para:



Compras Compulsivas.

Sexo de risco.

Comer Compulsivo, Bulimia, Anorexia.

Depressão.

Distúrbios de Ansiedade.

Abuso de substâncias.

Transtorno Afetivo Bipolar.

Outros Transtornos de Personalidade.

Violência (não só sexual), abusos e abandono, por causa da impulsividade e da falta de crítica para escolher novos parceiros.

3) A causa provável é uma combinação de vários fatores:



Vivências traumáticas (reais ou imaginadas) na infância, por exemplo abuso psicológico, sexual, negligência, terror psicológico ou físico, separaçãos dos pais, orfandade.

Vulnerabilidade individual.

Stress ambiental que desencadeia o aparecimento do comportamento Borderline.

Cuidado com conclusões precipitadas do tipo "você foi abusada" ou "você foi aterrorizada".



4) Evolução:



Geralmente começa a se manifestar no final da adolescência e início da vida adulta.

Com o passar dos anos existe uma diminuição do número de internações hospitalares e de tentativas de suicídio.

Parece piada de mau gosto, mas é uma realidade estatística: a cada tentativa de suicídio que a Borderline sobrevive, diminui a chance de uma nova tentativa.

5) Fatores de bom prognóstico:



Bons relacionamentos familiares, sociais, afetivos, profissionais.

Participação em atividades comunitárias: igrejas, clubes, associações culturais, artísticas, etc.

Baixa ou ausente freqüência de auto-agressão.

Baixa ou ausente freqüência de tentativas de suicídio.

Ser casada.

Ter filhos.

Não ser promíscua.

6) Tratamento.



A integração de tratamentos medicamentosos mais psicoterápicos trouxe grandes progressos no tratamento do Transtorno Borderline.



Medicação:

O tratamento medicamentoso inclui Estabilizadores de Humor (mesmo que não se trate de DAB) pois eles ajudam a conter a impulsividade e as oscilações de humor.

Antidepressivos e Tranqüilizantes não tem a mesma eficácia que teriam em casos de depressões ou ansiedades "puras" mas certamente tem sua utilidade em Borderline.



Embora a medicação seja muito importante, ela é ator coadjuvante. O ator principal no tratamento é a Psicoterapia.



Psicoterapia:

As mais úteis são as Analíticas (Junguiana e Freudiana). Não é uma terapia fácil. O que acontece "na vida real" acontece dentro do consultório: instabilidade, alternância de amor e ódio, idealização e desapontamento com o terapeuta, sedução, impulsividade, etc. Isso quer dizer o seguinte: o tratamento exige paciência, persistência, disciplina, boa vontade, etc.