quarta-feira, 28 de setembro de 2011
O QUE NOS PEDIRIA UM AUTISTA
domingo, 11 de setembro de 2011
Diagnóstico Precoce
"Vídeo "Autismo em Bebês" para diagnóstico precoce do autismo''
por Walter Camargos Júnior
Neste texto o autor, que tem trabalhado muito com o tema, é autor do vídeo “Autismo em Bebês” (www.fhemig.mg.gov.br/pt/publicacoes/campanhas-educativas) e escreve sobre possibilidades e necessidades. Essas informações só são válidas para os 60% a 70% das crianças autistas que nascem com sinais de autismo, já que o restante vai apresentar algum desenvolvimento normal e só depois apresentarão os sinais de autismo, conforme opinião de Eric Fombonne.
A afirmação do enunciado deste texto traz ao menos quatro perguntas:
1) quais são os sinais possíveis a serem vistos?
2) por que a maioria das suspeitas ocorrem após a idade de dois a três anos?
3) qual a importância dessa precocidade?
4) o que precisamos mudar?
1) Quais são os sinais possíveis de serem vistos?
É possível ver todos os sinais que ocorrem em crianças maiores, todos. Mas, evidentemente estes sinais estão adequados à idade do bebê. Por exemplo: como o bebê ainda não anda, não o veremos correndo e subindo em tudo, como vemos numa criança acima de dois anos, mas haverá a informação de que o bebê não dorme na quantidade esperada, chora muito, é cansativo, etc. Encontramos bebês que só ficam no colo, ou dormem em posições muito estranhas, ou se alimentam com determinados rituais, etc – isso é equivalente aos sintomas de manutenção de rotinas que encontramos na vida posterior.
Todos os bebês com desenvolvimento normal apresentam as mesmas características, que não são comuns nem constantes nos que têm autismo: alegria, curiosidade; prazer no contato físico com outros – o aconchego; busca pela “atenção” das outras pessoas; busca pelo olhar das outras pessoas; alternância alegria / irritação e acordado / dormindo. É importante ressaltar que essas características podem ocorrer, mas não são freqüentes nem constantes nos que tem autismo. Isso quer dizer que se alguns comportamentos normais existirem, podem não estar presentes na mesma quantidade que ocorre com o bebê sem autismo.
Após chamar a atenção do leitor que comportamentos normais podem também estar presentes mas numa quantidade muito menor, descreverei aqui algumas diferenças de qualidade de comportamentos existentes “facilmente” vistos nos bebês: olham menos para a mãe e outras pessoas, em todas as situações esperadas como nos momentos livres de contato puro e simples, na amamentação, nos momentos de higiene pessoal do bebê, etc.; há menos trocas comunicativas aos encontros com a mãe e outros e o olhar nos olhos como forma de comunicar é ausente ou rara, mesmo quando pede algo; não acompanham com o olhar a movimentação da mãe, mas o fazem com objetos; o aconchego físico pode ser rejeitado com a demonstração de sentir-se melhor no berço quando fica sozinho; pode não levantar os braços para ser retirado do berço; pode não demonstrar alegria com mudanças da mímica facial e corporal e nem emissão de sons às brincadeiras usuais de beijos, cócegas, música, etc. – a mímica não modifica de acordo com as situações que estão acontecendo; pode não demonstrar alegria ao ver a mãe / cuidador; pode não reagir à voz da mãe e de pessoas próximas, assim como a um barulho próximo; pode haver pouco sono noturno e diurno, e alterações na alimentação (muita ou não chorar para alimentar); a partir dos cinco meses não reage / responde ao nome – não se reconhece pelo som de seu nome (este sinal é o mais fácil de ser percebido por qualquer um); por volta de oito meses não aponta o que quer; por volta de um ano não aponta para partilhar interesses; há um atraso nas brincadeiras de esconde-esconde dessa idade (em Minas Gerais isso se chama de “pudi”); a fala geralmente não surge na quantidade esperada; pode haver movimentos de mãos e braços sem finalidade aparente, usualmente mãos na frente dos olhos; quando já anda, pega o outro pela mão e o leva para fazer algo – usa outros como ferramentas; quando fala, usa o terceiro pronome (ele) para se nomear, ao invés do primeiro (eu).
O questionário de triagem de nome M-CHAT, indicado para utilização aos 18 meses, que é de fácil uso, possui 23 itens, dos quais seis são os mais importantes, a saber: interessa-se pelas outras crianças; aponta para mostrar algo de seu interesse; alguma vez lhe trouxe objetos (brinquedos) para lhe mostrar; imita o adulto; responde/olha quando o(a) chamam pelo nome; se apontar para um brinquedo do outro lado da sala, a criança acompanha com o olhar.
Como se pode verificar já nessa idade, há sinais de prejuízo das três áreas (interação, comunicação e comportamentos) que formam os critérios clássicos de diagnóstico de autismo infantil – Classificação Internacional de Doenças e o Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais.
2) Porque a grande maioria das suspeitas ocorrem só após a idade de dois a três anos?
Porque ninguém quer ver problemas nos filhos; porque a falta de experiência prévia com uma criança de desenvolvimento normal impede a percepção de que a criança está tendo um atraso no desenvolvimento; e porque os médicos pediatras ou dos Programas de Saúde da Família não foram treinados a identificar esses atrasos nessa idade. Os pediatras dominam bem o desenvolvimento sensório motor, mas não os aspectos emocionais e cognitivos. Isso explica o porquê de eles identificarem facilmente um atraso na fala, mas não um atraso na comunicação (olhar, mudança da mímica numa brincadeira, apontar, não resposta ao nome, etc.) – eles só identificam atrasos instalados em sua plenitude.
3) Qual a importância da precocidade da suspeita do Autismo?
Porque quanto mais cedo é identificado um transtorno, mais rápido o curso normal do desenvolvimento pode ser retomado. Porém os resultados dependem não somente da identificação dos atrasos e da indicação dos tratamentos adequados e eficazes, mas da aceitação dessa condição diferenciada pelas famílias e pelo futuro de cada um, que não dominamos nem sabemos.
.O que eu e minha equipe temos presenciado é a incomparável velocidade na melhora clínica de crianças abaixo de quatro anos quando comparamos com aqueles que iniciam os tratamentos aos seis anos. Outra questão importante é a conclusão do autor Kleinman (2008) de que aproximadamente 90% das crianças diagnosticadas como autistas aos dois anos de idade, mantêm tal diagnóstico posteriormente.
4) O que precisamos mudar para realmente melhorar o futuro das crianças com autismo infantil?
Treinar os médicos; criar um cadastro estadual ou nacional para o Autismo Infantil, para ser possível a realização de pesquisas nacionais sobre o tema; instituir uma avaliação de triagem para autismo aos 18 meses através da Sociedade Brasileira de Pediatria e o Ministério da Saúde como já existe nos Estados Unidos; e instituir tratamento realmente especializado para essa população – que não quer dizer em aumentar as vagas de tratamentos focados em sintomas psicóticos e/ou antissociais, como é o atual padrão dos CAPPS-I existentes no País.
Concluindo, a suspeição da maioria dos quadros de autismo pode ser realizada já nos primeiros meses de vida na maioria das vezes e tais quadros são passíveis de melhoras clínicas significativas. O conhecimento na área do Autismo Infantil tem crescido muito em nosso País, mas muito caminho ainda há para ser percorrido se não esquecermos que os bebês com autismo são pessoas e cidadãos brasileiros como nós!
ANEXO
Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT), Diana Robins, Deborah Fein & Marianne Barton, 1999. Resultados superiores a três falhas em no total ou em dois dos ítens considerados críticos (2,7,9,13,14,15), indicam uma avaliação por profissionais especializados.
- Gosta de brincar ao colo fazendo de “cavalinho”, etc
- Interessa-se pelas outras crianças
- Gosta de subir objetos, como, por exemplo, cadeiras, mesas
- Gosta de brincar de esconde-esconde
- Brinca de faz-de-conta, por exemplo, falar ao telefone ou dar de comer a uma boneca, etc
- Aponta com o indicador para pedir alguma coisa
- Aponta com o indicador para mostrar interesse em alguma coisa
- Brinca apropriadamente com brinquedos (carros ou Legos) sem levá-los à boca, abanar ou deitá-los ao chão
- Alguma vez lhe trouxe objetos (brinquedos) para lhe mostrar
- A criança mantém contato visual por mais de um ou dois segundos
- É muito sensível aos ruídos (ex.: tapa os ouvidos)
- Sorri como resposta às suas expressões faciais ou ao seu sorriso
- Imita o adulto (ex.: faz uma careta e ela imita)
- Responde/olha quando o(a) chamam pelo nome
- Se apontar para um brinquedo do outro lado da sala, a criança acompanha com o olhar
- Já anda
- Olha para as coisas para as quais o adulto está olhando (acompanha o olhar do adulto como atenção compartilhada)
- Faz movimentos estranhos com as mãos/dedos na frente do rosto
- Tenta chamar a sua atenção para o que está fazendo
- Alguma vez se preocupou quanto à sua audição
- Compreende o que as pessoas lhe dizem
- Por vezes fica a olhar para o vazio ou fica andando ao acaso pelos espaços
- Procura a sua reação facial quando se vê confrontada com situações desconhecidas
Walter Camargos Jr. é médico, especialista em Psiquiatria da Infância e Adolescência no Hospital Infantil João Paulo II, Unidade FHEMIG, em Belo Horizonte (MG) e mestre em Ciências da Saúde pelo IPSEMG. Contato: (31) 3261-5976 e e-mail waltercamargos@uiavip.com.br
domingo, 21 de agosto de 2011
Curso: Comunicação e Autismo
Congresso Internacional sobre Autismo
Assim, este evento buscará reunir profissionais de diferentes áreas que, em conjunto, possam fazer avançar tanto o conhecimento científico quanto as políticas públicas de intervenção clínico-educacionais e inclusivas para as crianças autistas.
Estudo afirma que fatores ambientais podem causar autismo
foto: Getty Images
fonte: www.saudeterra.com.br
No caminho para tratar o autismo
O estudo destes cientistas, publicado na revista Neuron, reforça a teoria de que o autismo, um distúrbio que se desenvolve na primeira infância, envolvendo deficiências na interação social, déficits de linguagem e comportamentos distintos, não é causado por um ou dois grandes defeitos genéticos, mas por muitas pequenas variações, cada uma associada a uma pequena percentagem dos casos.
Síndrome de Williams
Um dos aspectos mais intrigantes dos resultados aponta para a mesma pequena seção do genoma que causa a síndrome de Williams, um distúrbio do desenvolvimento marcado por alta sociabilidade e uma aptidão invulgar para a música.
“No autismo, há um aumento no material cromossômico, uma cópia extra desta região, e na síndrome de Williams, há uma perda desse mesmo material”, explica Matthew State. “O que torna esta observação interessante é que a síndrome de Williams é conhecida por um tipo de personalidade que é altamente empática, social e sensível ao estado emocional dos outros. Os indivíduos com autismo têm frequentemente dificuldades neste aspecto. Isto sugere que há um ponto importante nessa região para compreender a natureza do cérebro social”. Matthew State e equipe também encontraram outras 30 regiões no genoma que são muito prováveis de contribuir para o autismo. “Agora estamos avançando para uma segunda fase do estudo, em que analisaremos mais mil e seiscentas famílias para podermos ser capazes de identificar várias regiões novas que estão fortemente implicadas no autismo”, refere o cientista.
Stephan Sanders e Matthew State estão otimistas com as novas descobertas, sugerindo que a genética é o primeiro passo para entender o que realmente acontece no cérebro a nível molecular e celular. “Podemos usar estes resultados genéticos para começar a desvendar a biologia subjacente do autismo”, revela Stephan Sanders. “Isso vai ajudar muito nos esforços para identificar novas e melhores abordagens para o tratamento”.
Risco de autismo é maior do que se pensava em famílias já afetadas
Esta probabilidade, que era considerada de 3 a 10% antes desta pesquisa é, na realidade, de 18,7%, segundo revela este estudo realizado por cientistas da Universidade da Califórnia em Davis e com a participação do Instituto M.I.N.D.
Para os homens, o perigo é ainda maior, de mais de 6%, e supera os 32% quando dois de seus irmãos mais velhos são autistas.
Cerca de 80% das crianças autistas é do sexo masculino, algo confirmado por este estudo realizado com 664 pacientes.
Os pesquisadores fizeram um acompanhamento do grupo dos oito meses de idade em média até os três anos, quando as crianças foram examinadas para ver se sofriam de autismo.
Nas famílias nas quais já havia um filho com autismo, o índice de irmãos e irmãs menores que também terminaram padecendo desta síndrome é de 20,1%. Essa taxa sobe para 32,2% no caso de mais de um irmão autista.
Somente 37 dos participantes do estudo estavam nesta circunstância.
"Este é o estudo mais extenso já realizado com irmãos e irmãs menores de crianças autistas", afirmou a dra. Sally Ozonoff, professora de Psiquiatria e Ciências do Comportamento no Instituto M.I.N.D. e principal autora do trabalho.
"Nenhuma outra pesquisa colocou em evidência até agora um risco tão elevado que essas crianças passam de padecer de autismo", acrescenta em um comunicado.
Este documento foi postado no site do jornal Pediatrics e será publicado na imprensa em setembro.
Os pesquisadores enfatizaram também os indícios claros do papel desempenhado pelos fatores genéticos no desenvolvimento do autismo, um problema complexo que afeta a capacidade da criança de pensar, de se comunicar, de interagir socialmente e de aprender.
Nos Estados Unidos, calcula-se que o autismo afete uma em cada dez crianças nascidas atualmente.
quinta-feira, 31 de março de 2011
EU VOLTEI...
CDH discute elaboração de Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com autismo
O presidente da comissão, senador Paulo Paim (PR-RS), informou que realizará nova reunião a partir das 15h para votar a sugestão. Se aprovada, a sugestão, relatada pela senadora Ana Rita (PT-ES), passará a tramitar como projeto de lei do Senado e será examinada pela Casa.
De acordo com Ana Rita, que apresentou relatório pela aprovação da matéria, o projeto define direitos da pessoa diagnosticada com autismo - agora denonimado transtorno do espectro autista (TEA) - e diretrizes para inserção dos mesmos na sociedade.
A sugestão original propunha a criação de um sistema nacional integrado de atendimento à pessoa autista, mas a relatora considerou que essa ação é prerrogativa do Executivo e, por isso, propôs a instituição de uma política para proteção aos autistas.
Pessoa com Deficiência
Com a aprovação do projeto, explicou a senadora, a pessoa autista também passará a ser classificada como pessoa com deficiência.
- O autista passará a ter todos os direitos que as pessoas com deficiência já conquistaram até hoje em termos de políticas públicas - destacou a senadora.
O senador Wellington Dias (PT-PI), que tem uma filha diagnosticada com o transtorno, assinalou que o mundo ainda conhece muito pouco sobre o autismo.
-Tenho sempre reafirmado como mudou a minha vida e a vida da minha esposa essa experiência - assinalou.
Os senadores também destacaram o fato de o projeto ser fruto de proposta de iniciativa popular.
- Isso mostra a grande vantagem da nossa Constituição que permite a iniciativa popular em projetos como este e da Ficha Limpa - salientou Cristovam Buarque (PDT-DF).
Segundo o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que é presidente da Subcomissão das Pessoas com Deficiência, é preciso realizar debates com diferentes grupos de pessoas com deficiência para compreender as "lutas específicas" de cada um.
O senador indagou, durante a reunião, ao coordenador da Coordenadoria para Inclusão da Pessoa com Deficiência do Distrito Federal (CORDE-DF), Fernando Cotta, sobre a principal dificuldade enfrentada pelos autistas.
- O principal problema é a dificuldade de diagnóstico - explicou Cotta, que reivindicou a criação de políticas de saúde pública para o tratamento e o diagnóstico do autismo.
Senado azul
Paim informou ainda que o edifício do Congresso Nacional será iluminado com luzes de cor azul (cor definida para o autismo) na noite de 2 de abril, em homenagem ao Dia Internacional para a Conscientização do Autismo. Vários prédios e monumentos importantes do Brasil e do Mundo, entre eles o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, e o Empire State, em Nova York, também receberão a iluminação especial.
Para ver a íntegra do que foi discutido na comissão, clique aqui.
Rodrigo Baptista / Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
http://www.senado.gov.br/noticias/verNoticia.aspx?codNoticia=108601